Tanto no Novo como no Antigo Testamento, descobrimos que na origem de toda vocação está o chamado do Senhor que, pessoalmente, escolhe e convida a segui-Lo. Embora o faça de diversas maneiras, fica evidente que quem chama é Ele. Esse é o sentido mais profundo da palavra vocação, que significa “chamado”. A “vocação” não é uma predisposição natural ou uma inclinação do indivíduo, mas sim é um dom de escolha por parte de Deus. Portanto, esse dom de Deus àqueles que recebem não corresponde a um mérito pessoal, mas sim a uma providência que sempre esteve presente na mente e no coração de Deus, a uma missão ao serviço dos irmãos.
“Um homem que iria sair de viagem a terras distantes, chamou os seus servidores de confiança e lhes confiou seus bens, segundo a capacidade de cada um. A um deu cinco talentos, a outro, dois e ao terceiro um, e logo se foi” (cf. Mt 25, 14-30). Aquele que é chamado deve ter as qualidades necessárias para ser capaz de responder ao Senhor. Deus não chama uma pessoa sem dar-lhe os elementos que a tornam apta para seguir seu caminho e realizar a missão encomendada. Dons, habilidades, capacidades pessoais… são presentes que Deus dá por amor, sobretudo o ser capaz de amar de uma maneira particular e corresponder plenamente ao chamado divino.
Os dons de Deus se encontram em todos os âmbitos da pessoa e, com o tempo, estão destinados a crescer e amadurecer. Essas qualidades também podem ser enterradas e ficar estéreis. Juntamente com o diretor espiritual, o jovem que sente o chamado de Deus a um amor mais profundo, para uma vida de total consagração a Ele e ao serviço dos irmãos, deve analisar se tem os dons para corresponder de modo sereno e entusiasta ao chamado que sente ter recebido de Deus. Caso não se tenha as qualidades espirituais, humanas, morais, intelectuais ou apostólicas, nem as disposições necessárias para alcançá-las, é porque simplesmente Deus lhe deu dons para outra missão, mas não para a uma vocação consagrada específica.
A resposta é o terceiro elemento constitutivo da vocação. Nasce da generosidade e do amor maduro para com o Senhor, em um ambiente de liberdade interior.
Enquanto o primeiro elemento depende totalmente da vontade de Deus e o segundo depende de um dom concedido por Deus e da boa vontade pessoal para corresponder a ele, este último aspecto depende, sobretudo da generosidade pessoal para corresponder à graça de Deus (ver o exemplo do jovem rico, Mc 10, 17).
Deus é um Pai que nos ama e quer o melhor para cada um dos seus filhos. Aqui está nossa grande esperança, já que é com a sua ajuda que cumpriremos a missão que Ele mesmo nos confia. Deus está sempre do nosso lado. Ele é o primeiro a apostar em nós. Fique seguro de que Ele te dará todas as graças que necessitas para responder com um decidido e alegre “sim”.