O mistério do Reino
9 horas da manhã e alguém toca sua porta para lhe dizer que o Reino de Deus está próximo. O que você pensa? Você convida a pessoa para entrar e ouvi-la com mais atenção?
O Reino de Deus está próximo! Esse é o núcleo da mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, essas eram as palavras que Ele usava em sua pregação, caminhando pelas vilas e povoados de Israel. E o Evangelho diz que “Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca”.
Sem dúvida, Jesus era uma pessoa encantadora, daquele tipo que é sempre agradável escutar e em cuja companhia é sempre bom estar. Cristo era também um homem de profunda oração, e a graça de Deus produzia Nele um forte atrativo nos corações com um mínimo de sensibilidade. E também é verdade que Jesus era um bom comunicador, escolhia muito bem suas palavras, tinha nos lábios aquilo que Israel tanto queria ouvir.
Esta era a circunstância: Israel experimentava novamente a humilhação da submissão a um povo estrangeiro e, segundo sua interpretação dos fatos, do abandono de Deus. Fazia décadas que os romanos, donos da metade do mundo, tinham submetido Israel, ainda que permitindo o livre exercício de suas atividades ordinárias, inclusive as relativas à religião, mas governando o país outrora soberano.
Quando Jesus chega anunciando o Reino, faz memória das antigas profecias e da promessa de fidelidade de Deus a seu povo, ressuscitando sua esperança em dias melhores. Israel sonhava com liberdade e paz definitivas, e estas chegariam junto com o Messias esperado, o filho de Davi, que viria para restabelecer o reinado daquele que deu ao povo eleito o período de maior esplendor e prosperidade de sua história.
Durante quase mil anos, ouviram-se as profecias que falavam desse descendente do grande rei, um salvador da parte de Deus, que seria o novo e definitivo pastor de Israel.
Ao ouvir sobre o Reino, essas lembranças saltavam na mente: agora, será que ele tinha chegado? Ao mesmo tempo que Israel sonhava com o reino e a salvação, para muitos, essa era uma libertação humana – social e política. E só Jesus tinha consciência da realidade a que se referiam as leis e os profetas. Na verdade (em palavras de Bento XVI), “Jesus Cristo era o próprio Reino de Deus”. E esse reino, bem sabemos, “não é deste mundo”. Era o próprio Filho de Deus, Senhor do Céu e da terra que veio fazer esse Reino presente, instaurá-lo no coração dos homens.
Esse Reino era muito mais do que Israel podia sonhar: Ele é a habitação do Eterno na alma e nos corações, restaurando a natureza humana ferida pelo pecado, convertendo-nos em filhos, unindo-nos como irmãos, concedendo-nos uma nova vida agora plena e sem fim. É esse Reino pelo qual suplicamos todos os dias ao repetir: Cristo, Rei Nosso, Venha a nós o Vosso Reino! Queremos que o Soberano do universo tenha sob seu domínio nossas vidas, corações e mentes. Queremos realizar um dever de justiça de lhe dar o que já lhe pertence: o mundo inteiro, todos os corações. Por isso, pedimos pela conversão de todos os homens à verdade do Evangelho e o anunciamos com nossas palavras e com nossa vida. Sabemos que nossas palavras não produzem o reino, mas Deus pode se usar delas para abrir os corações, para depois vir Ele mesmo habitá-los. E esse reino no coração de muitos se refletirá nas leis, nos valores, nas tradições da sociedade, na esperança de vermos estabelecida a civilização da justiça e do amor. O reino é a antecipação da eternidade feliz para a qual Deus nos fez.
O Senhor nos conceda cada dia tudo fazer pelo reino de Cristo à glória de Deus, com tal de que o Céu aconteça na terra e nossos irmãos e nós mesmos tenhamos nosso coração voltado para Deus e conformado com o coração de Seu Filho. Amém.